Acre registra mais de 750 focos de queimadas em setembro e enfrenta crise de qualidade do ar
O Acre vive uma situação alarmante no início de setembro, com 757 focos de queimadas registrados apenas na primeira semana do mês, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esses números representam um aumento em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram contabilizados 584 focos. A consequência imediata desse aumento é uma crise de qualidade do ar que afeta diretamente a saúde da população e o funcionamento de serviços públicos no estado.
Entre os municípios mais atingidos pelas queimadas estão Feijó, com 225 focos, seguido por Tarauacá (148), Cruzeiro do Sul (95), Manoel Urbano (66) e Sena Madureira (37). Esses focos têm gerado uma grande quantidade de fumaça que encobre boa parte do estado, especialmente a capital Rio Branco, onde a situação é considerada uma das piores do país.
A plataforma IQ Air, que monitora a qualidade do ar, classifica a situação no Acre como “insalubre” e “perigosa”, com índices de poluição bem acima do permitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em Rio Branco, por exemplo, o índice de material particulado atingiu 234,73 µg/m³, quase 16 vezes acima do limite recomendado pela OMS, que é de 15 µg/m³. Esses níveis elevados de poluição oferecem riscos graves à saúde, com potencial para agravar problemas respiratórios e cardiovasculares.
A fumaça densa também gerou a suspensão das aulas em sete cidades acreanas: Rio Branco, Porto Acre, Brasiléia, Epitaciolândia, Santa Rosa do Purus, Manoel Urbano e Sena Madureira. Desde o dia 5 de setembro, estudantes da rede estadual e municipal estão sem aulas, afetando mais de 22 mil alunos em Rio Branco. O governo do estado justifica a medida como necessária para proteger a saúde de crianças e adolescentes que estão expostos aos altos níveis de poluição.
A situação também levou ao cancelamento de eventos importantes, como o desfile cívico de 7 de setembro, uma tradição na capital acreana. Além disso, a suspensão das atividades escolares foi acompanhada por uma série de medidas emergenciais adotadas pelo governo, incluindo a intensificação das ações de combate a queimadas ilegais e o monitoramento diário da qualidade do ar.
As queimadas no Acre, que se intensificam com a estação seca, não são um problema isolado do estado. A fumaça que cobre o Acre também é resultado de queimadas em estados vizinhos, como Rondônia e Amazonas, o que agrava ainda mais a crise ambiental. Segundo o Inpe, o Acre registrou, até o momento, mais de 3.400 focos de queimadas desde o início de 2024. Diante desse cenário, o estado decretou emergência em saúde pública no final de agosto.
As autoridades alertam que, além do impacto na saúde pública, as queimadas também causam prejuízos ao meio ambiente, com a destruição de grandes áreas de vegetação. Na noite de 6 de setembro, um incêndio nas proximidades da BR-364, em Rio Branco, destruiu cerca de 400 mil metros quadrados de vegetação, sendo necessário o esforço de três equipes de bombeiros para conter as chamas.
O governo do Acre intensificou as ações de fiscalização e combate ao desmatamento e queimadas ilegais, mas as consequências da fumaça seguem afetando a vida da população. A orientação das autoridades de saúde é que os moradores das regiões mais afetadas evitem atividades físicas ao ar livre, bebam muita água e utilizem máscaras e umidificadores de ar para reduzir os efeitos nocivos da fumaça.
Diante do agravamento da situação, o governo federal também anunciou a contratação de brigadistas para reforçar o combate às queimadas no interior do estado. No entanto, as previsões meteorológicas indicam que a situação pode se prolongar enquanto durar o período seco, exigindo um esforço contínuo para minimizar os impactos das queimadas e da poluição no Acre.