De um cenário de solo degradado, onde quase nada brotava, à produção diária de mais de 150 litros de leite. Essa é a história de Valdomiro Rufino Bento, proprietário do Rancho São Bento, em Rio Branco, pequeno produtor rural que abriu as porteiras de sua propriedade na última quarta-feira, 24, para receber a primeira visita técnica à Unidade Demonstrativa da Pecuária Diversificada Sustentável, da Cadeia Produtiva da Bovinocultura, das Missões de Monitoramento 2025. A ação integra o Programa REM Acre Fase II, que busca fortalecer a pecuária sustentável no estado.
“Quando cheguei aqui, tirava 40 litros de leite por dia. Hoje, consigo tirar mais de 150. Antes eu nem morava na propriedade, vivia de aluguel. Agora tenho minha casa aqui, fruto desse trabalho”, contou, emocionado, Valdomiro, que vê no leite não apenas sua principal fonte de renda, mas também a chance de conseguir independência e dignidade.
O REM Acre Fase II é financiado pela Alemanha e pelo Reino Unido e tem como objetivo reduzir o desmatamento, promover o desenvolvimento de baixo carbono e incentivar práticas que melhorem a produtividade sem abrir novas áreas de floresta. Além de apoiar agricultores familiares como Valdomiro, o programa também beneficia povos indígenas e comunidades tradicionais, sendo considerado referência mundial nos mecanismos de REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal).
No caso de Valdomiro, os resultados são visíveis. A propriedade, de aproximadamente 10 hectares, recebeu insumos como calcário e fertilizantes, além de suporte técnico da Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri). O trabalho de recuperação das pastagens mudou completamente a paisagem: o que antes era terra seca e improdutiva, hoje é pasto verde, mesmo em pleno período de estiagem.
Segundo o técnico da Seagri, Jalceyr Pessoa, a propriedade se tornou exemplo de manejo sustentável: “Além de recuperar o solo, implantamos boas práticas que garantem o bem-estar dos animais e do produtor. O Valdomiro hoje ordenha com tecnologia, gastando menos tempo e garantindo mais qualidade. A fazenda virou referência, recebendo visitas de outros produtores que querem conhecer esse modelo”, explicou.
Para Valdomiro, o apoio recebido foi decisivo: “Um pequeno produtor não consegue caminhar sozinho. Esse incentivo nos dá esperança e vontade de continuar. O programa trouxe não só insumos, trouxe mais confiança ao meu trabalho. Hoje, vejo que minha produção se destaca até em comparação a propriedades maiores”.
Atualmente, a Cadeia Produtiva da Bovinocultura mantém 18 Unidades Demonstrativas em 16 municípios, beneficiando 325 produtores. Somente em 2025, já foram entregues mais de 360 toneladas de calcário e 95 toneladas de fertilizantes. Para 2026, a expectativa é que as unidades passem a contar também com sistemas de energia solar, tornando o processo ainda mais eficiente e sustentável.
A visita da comitiva internacional, com representantes do Reino Unido e do Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW), reforçou a importância do Acre como laboratório vivo de soluções de baixo carbono. Mais do que números, a experiência de Valdomiro mostra que o futuro da pecuária amazônica pode ser escrito de forma sustentável, unindo produção, preservação e dignidade no campo.
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