Para avaliar a viabilidade logística do trânsito de grandes cargas e atrair investimentos que transformem o estado acreano em um corredor estratégico de exportação ao Pacífico, os governos do Acre e do Mato Grosso firmaram uma parceria inédita. Os poderes Executivos e a concessionária peruana Iirsa Sur realizarão o envio de uma carga experimental de soja produzida nas duas localidades para o departamento de Matarani, no Peru, pela Estrada do Pacífico pelo Acre.
O compromisso foi firmado em reunião realizada durante a Expoalimentaria 2025, realizada até a última sexta-feira, 26, no Centro de Exposições Jóquei Club, departamento de Surco, região metropolitana de Lima. Participaram do encontro os secretários de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict) do Acre, Assurbanípal Mesquita, de Desenvolvimento Econômico (Sedec) do Mato Grosso, César Miranda, e a gerente geral da Iirsa Sur, Carina Blanco, que administra a via no lado peruano.
Também estiveram no ato a presidente da Agência de Negócios do Acre (Anac), Waleska Bezerra, e o representante da Tisur, empresa que administra o Porto de Matarani, Frank Mecklemburg. A ação marca um passo decisivo na estratégia do Estado acreano em estimular o aumento do fluxo de cargas como corredor logístico para os portos do Peru. Atualmente, mais de 1.200 caminhões carregados de soja chegam diariamente a Porto Velho (RO), de onde a produção segue pela Hidrovia do Madeira em direção ao Atlântico até o Canal do Panamá para depois ir à China.
Segundo estudos preliminares da Iirsa Sur e do governo acreano, utilizar a Estrada do Pacífico, que do lado peruano é denominada de Rodovia Interoceânica Sul, pelo Acre pode reduzir em até 14 dias o tempo de viagem. Para Assurbanípal Mesquita, titular da Seict, o experimento conjunto de envio de soja ao país vizinho é fundamental para identificar oportunidades que ainda não são aproveitadas, conhecer melhor o que pode ser melhorado e fortalecer a integração internacional.
“Este experimento pode validar o nosso corredor de exportação. Ao analisarmos o custo logístico total pelo Atlântico[tempo, custos portuários e impacto ambiental], percebemos que a rota via Acre trará uma redistribuição do eixo de integração sul-americana se voltando ao Pacífico. Reposicionar o estado como ativo geopolítico do Brasil, ampliará nossa capacidade de atrair investimentos, fortalecer cadeias produtivas e aumentar o desenvolvimento econômico”, analisou Mesquita.
César Miranda, titular da Sedec, elogiou a articulação para alavancar a economia de ambas unidades federativas. Para ele, que garantiu mobilizar produtores de soja mato-grossenses, o experimento é fundamental. “A saída ao Pacífico é importante não só para a região da Amazônia, mas também para o Centro-Oeste. Ganharemos 10 dias de adiantamento na viagem marítima e barateio do nosso custo. O governo de Mato Grosso se une ao do Acre para alcançar este objetivo”.
A presidente da Anac destacou que a experiência demonstrará que o Acre tem condições reais de se consolidar como plataforma logística internacional. “O uso da Estrada do Pacífico trará novas alternativas para os nossos produtores, geração de competitividade para a indústria regional e abertura de oportunidades de negócios com mercados estratégicos. Esse é um passo essencial para fortalecer o protagonismo do Acre no cenário de integração continental”, acrescentou Waleska.
Além da carga experimental, a Iirsa Sur já realiza um estudo técnico para identificar pontos de melhoramento da estrada no lado peruano. Entre as intervenções previstas estão o reforço de pontes e a criação de faixas adicionais em trechos de curvas sinuosas. O objetivo é adequar a rodovia para a circulação de caminhões de maior porte, como bitrens, garantindo mais segurança e eficiência tanto para os transportadores peruanos quanto para os que saem do Brasil para o Peru.
“Desde a construção da Rodovia Interoceânica Sul, que foi feita para integrar os dois países, temos interesse em fazer com que isso se concretize. Já fazem 20 anos que essa via existe e não vimos nenhum avanço efetivo no comércio entre nós. Esta é uma rota existente, mas que precisa ser utilizada de forma efetiva para concretizar essa conexão. O Acre tem um papel fundamental nesse aspecto de melhorar a logística dos países e gerar maior volume de negócios”, encerrou Carina Blanco.
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