A cultura urbana do Acre ganha destaque internacional com a realização da 4ª edição do Festival Acre Graffiti e do Campeonato Nacional de Poesia Falada (Central de Slam Nacional). O evento, que reúne mais de cem participantes do Brasil e de dez países, conta com o apoio do governo do Acre, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM).
Com o tema “Floresta Marginal: a arte que ecoa”, o festival transformou os muros da Rua África, no Bairro Seis de Agosto, em um mosaico vibrante de cores e imagens. As obras reforçam e valorizam as expressões artísticas ligadas ao imaginário amazônico.
Desde sua 2ª edição, o Acre Graffiti firmou parceria com a Central de Slam. Nesta edição, 17 poetas de todas as regiões do país demonstram o potencial da poesia marginal, com a notável presença feminina dominando o campeonato nacional.
Djully Bernardo, estudante do último período de Direito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), reflete sobre a importância da poesia falada como ferramenta de transformação social para os jovens. “O Slam dialoga com o conceito de Conceição Evaristo sobre a Escrevivência, que é uma combinação de escrever, viver e se ver, dentro da perspectiva do nosso cotidiano periférico, de mulheres negras que passaram a vida sendo silenciadas”, explica. “Além disso, a poesia urbana mostra uma realidade indigesta para algumas pessoas e esse também é um dos nossos propósitos, promovendo a real interseccionalidade do ser político no mundo.”
A coordenadora da Central do Slam no Acre, Natielly Castro, enfatiza que a diversidade e o intercâmbio cultural são pilares do festival, com foco na inclusão de mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+. “As mulheres comandam a poesia falada neste campeonato. E isso mostra a importância desse espaço para fazer ecoar todas as dores do universo feminino, ao mesmo tempo que mostra a força e a resistência nos versos”, afirma.
O organizador do festival, o grafiteiro José Alberto Costa, conhecido como JR TRZ, celebra o encontro de diversas tribos urbanas e linguagens artísticas, incluindo grafite, poesia falada/slam, música, dança, performance e comunicação.
“O que temos aqui é uma grande troca de experiências profissionais e de vivências, e isso só foi possível graças aos patrocinadores. Nossas expectativas foram superadas e vamos deixar a Rua África com um verdadeiro mosaico de ideias, letras e símbolos que sintetizam o tema do evento”, destaca JR TRZ.
A paraibana Priscila Lima, a Priscila Witch, que participa de festivais desde 2009, recorda que no início de sua trajetória no cenário nacional, as mulheres grafiteiras eram minoria. “Fico feliz em ver tantas mulheres mostrando sua arte nos muros das cidades. O grafite é a minha vida e hoje tenho um laboratório de artes em minha casa para abrir um espaço para a nova geração”, compartilha Witch, que também ministrou oficinas de criação de personagens e letras.
Uma das alunas da oficina, Isabele Monteiro, formanda em Medicina pela Universidade Federal do Acre, revela que sempre gostou de desenhar e que agora vê no grafite uma forma de arteterapia. “Não há dúvidas de que podemos utilizar a arte urbana na área da Saúde, porque é uma genuína forma de expressão que revela sentimentos, opiniões e transmitem mensagens, reflexões e críticas por meio das cores, formas e letras”, pontua.
O veterano Neto Vettorello, grafiteiro há 27 anos e recém-chegado de um festival em Milão, integra a primeira geração de pichadores de Curitiba, Paraná. Segundo ele, a pichação é o berço da arte urbana do grafite. “É a primeira vez que participo do evento no Acre e estou muito feliz em fazer parte desse movimento em torno da preservação ambiental, que tem tudo a ver com minhas fontes de inspiração”, afirma Vettorello.
O Acre Graffiti será encerrado neste domingo com a final do Campeonato Nacional do Slam, na Rua África, a partir das 18h. Em seguida, o Café Porão, no Centro da capital, sediará um show com a banda Semblanty, a partir das 20h30.
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