Durante os dias de realização do Festival Atsa Puyanawa, a terra indígena, localizada no município de Mâncio Lima, se transforma em um verdadeiro centro de vivências, sabores, cores e saberes ancestrais. Entre os elementos mais marcantes do evento, três se entrelaçam com força e sensibilidade, sendo a culinária tradicional, o artesanato indígena e as pinturas corporais. Esses elementos embelezam o festival e carregam significados profundos de identidade, espiritualidade e resistência.
Evidenciando as expressões vivas da ancestralidade e da identidade cultural, na alimentação, os sabores da floresta se revelam em pratos preparados com saberes passados de geração em geração, como o beiju, bolos e o peixe assado.
As pinturas corporais, feitas com jenipapo e urucum, carregam símbolos de proteção, espiritualidade e pertencimento. Já o artesanato, produzido com sementes, palhas, penas, miçangas e fibras naturais, transforma elementos da natureza em arte e memória. Juntas, essas manifestações não apenas encantam, mas comunicam e mantêm viva a tradição indígena em cada gesto, cor e forma.
Para Miria Puyanawa, o artesanato é mais do que uma atividade manual, é uma forma de manter viva a memória do seu povo. “Sinto grande alegria em compartilhar meus conhecimentos com aqueles que nos visitam e em ver que minhas criações são apreciadas e adquiridas”, disse Míria, enquanto organizava os materiais naturais usados na produção.
O artesanato, segundo Miria, é de extrema importância tanto para ela quanto para quem adquire, uma vez que contribui para a disseminação da nossa cultura em outros lugares. “Cada peça tem um significado, uma energia, um ensinamento que veio dos nossos ancestrais”, afirmou.
Outro destaque do festival é a pintura corporal, com desenhos que representam elementos da natureza, da espiritualidade e da proteção espiritual. Os traços, feitos com pincéis de taquara e as próprias mãos, são parte dos rituais, das danças e dos momentos de celebração.
Durante o festival, visitantes têm a oportunidade de serem pintados pelos próprios Puyanawas, num gesto de acolhimento e partilha. “Cada pintura é marcada por significado, temos uma vasta opção de pinturas que fazemos, quem vier ao nosso festival sairá marcado não só por uma tinta, mais pelo simbolismo que carregamos. Cada traço tem um significado. A gente pinta para proteger, para fortalecer o espírito, para mostrar de onde viemos”, afirma a indígena Mirkelle Puyanawa.
Entre os serviços ofertados no Festival Atsa Puyanawa, a culinária tradicional se destaca como uma experiência muito valorizada pelos visitantes. Preparados pelas mulheres da comunidade, um dos pratos mais pedidos é o peixe assado na folha de bananeira.
“Cozinhamos com muito amor e dedicação, afinal, consideramos que a comida tem espírito e nossos pratos carregam uma forte identidade regional. Quando estamos cozinhando colocamos sabedoria dos nossos ancestrais pois queremos proporcionar o melhor para todas as pessoas que estiverem aqui no festival Atsa”, compartilhou dona Ewete Nilza Sibi Puyanawa, proprietária de um dos restaurantes existentes no festival.
Mais do que um evento festivo, o Festival Atsa Puyanawa é um espaço de afirmação cultural e fortalecimento da identidade indígena. Em cada prato servido, em cada traço pintado na pele e em cada peça artesanal, vive a memória dos antepassados e a esperança das novas gerações.
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