No dia 11 de agosto, o Brasil celebra o Dia do Estudante, data que homenageia milhões de crianças, adolescentes, jovens e adultos que dedicam parte de suas vidas à construção do conhecimento. No Acre, a data é também um momento para reforçar o compromisso do governo do Estado com a valorização de cada aluno da rede, que somados ultrapassam a marca de 130 mil.
Não faltam histórias de estudantes que desafiam barreiras sociais, econômicas e pessoais para concluir a trajetória escolar. Na Região Norte, essa realidade ganha contornos ainda mais desafiadores: alunos da zona rural, comunidades ribeirinhas e povos indígenas enfrentam obstáculos geográficos diários, em que, muitas vezes, o caminho para a sala de aula começa a bordo de embarcações que singram os rios da Amazônia.
Miqueias Ferreira, de 10 anos, aluno da Escola Estadual Rural Floresta, localizada na fronteira entre os municípios de Capixaba e Senador Guiomard, conta que sua rotina começa bem cedo: “Eu me acordo geralmente 4 ou 5 horas da manhã, tomo banho, me arrumo, pego minhas coisas e espero o barco para a escola”. O trajeto dura cerca de duas horas e ainda há o retorno.
O estudante destaca sua preferência pelas aulas de matemática e educação física e afirma que sua maior motivação para ir à escola é “estudar e conseguir me formar numa faculdade”, declara.
Quando não tem aula, Miqueias ajuda os pais em casa, mas reconhece que prefere estar na escola: “A escola é mais legal”, compara. Ele sonha cursar engenharia, atraído pela área de construção e pelas diversas possibilidades, como robótica e elétrica. Um dos trabalhos que mais gostou foi a confecção de um cartaz sobre a Independência do Brasil, atividade que marcou seus primeiros anos escolares.
Outra trajetória marcada por esforço e sonhos é a de Letícia de Oliveira, 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio da mesma escola, que relata sua rotina corrida, entre os estudos da escola e a preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
“É uma coisa bem corrida, mas está indo. Às vezes eu quero me perturbar, mas estou conseguindo”, conta. Também destaca o apoio dos professores: “Tenho bastante incentivo, o suporte deles é muito importante para mim”.
A jovem valoriza não apenas o ensino, mas também as amizades construídas no ambiente estudantil ao longo dos anos. “A escola representa toda a minha trajetória de estudante e da minha vida. Conheço muitos colegas há mais de 10 anos”, afirma.
Emocionada, Letícia deixa um recado para a equipe escolar: “As pessoas que trabalham aqui são excelentes profissionais, agradáveis, pessoas que me inspiram. Eu gosto muito de estudar aqui, é uma escola boa”, ressalta. Para ela, a educação é essencial: “Sem conhecimento [formal], a gente não é nada. Ele nos ajuda a lidar com o mundo, com as pessoas e com o cotidiano”, avalia.
A rotina também é desafiadora para Kaellyson de Souza, de 11 anos. “Eu gosto da escola porque tem café, merenda e almoço. E se não fosse o barco, eu não conseguiria nem chegar aqui”, conta.
Já Ruan Souza, 15 anos, vê a educação como a chave para realizar sonhos. “Com a escola a gente adquire conhecimento para a vida. Sem estudar, não tem como chegar a lugar nenhum”, analisa.
Responsável Escola Floresta, a professora Jocivânia Marques aponta a relevância da instituição na vida dos alunos da zona rural. “A nossa escola é de difícil acesso, e as casas aqui são muito distantes umas das outras, de quatro a cinco quilômetros. Vejo a importância dela não só no aprendizado, mas também na socialização. A interação deles é na escola”, explica.
Atendendo 58 alunos com apoio de sete professores, a instituição oferece transporte fluvial e três refeições diárias — café da manhã, lanche e almoço.
A educadora celebra as conquistas dos estudantes: “Temos ex-alunos cursando Engenharia Elétrica na Ufac [Universidade Federal do Acre] e temos certeza de que outros que estão aqui hoje também vão chegar lá. Como responsável, fico muito feliz em ver o progresso deles”, diz.
Atualmente, o repasse anual do Ministério da Educação (MEC) por estudante em todo o país é de R$ 9.536,20, no entanto, segundo dados do Censo Escolar do Acre, o custo de um único aluno de tempo integral no estado chega a R$ 19 mil por ano.
A diferença é coberta com recursos próprios do Estado, evidenciando que as esferas federal e estadual trabalham juntas para qualificar o ensino no Acre, assegurando alimentação, transporte, estrutura adequada e oportunidades de aprendizagem, mesmo nas localidades mais distantes.
“O valor do estudante vai muito além de números e estatísticas. Ele é a razão de cada investimento, de cada programa e de cada esforço da nossa equipe. Nosso compromisso é garantir que todo aluno do Acre tenha as mesmas oportunidades de aprender, sonhar e transformar sua realidade, esteja na capital ou nas comunidades mais distantes”, destaca o secretário de Educação, Aberson Carvalho.
A Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) coordena iniciativas que vão desde a implementação do ensino integral e a recomposição da aprendizagem até a formação continuada de professores e a entrega de materiais didáticos de qualidade.
“Essas ações fazem diferença real na vida dos nossos estudantes, porque levam não apenas conhecimento, mas também motivação, autoestima e perspectivas de futuro. Quando o Estado oferece transporte, alimentação, material de qualidade, professores capacitados e programas como o Pré-Enem Legal, está dizendo para cada aluno que acredita no potencial dele e que está disposto a investir para que tenha sucesso”, destaca a diretora de Ensino da pasta, Gleice Souza.
Mais de 130 mil estudantes da rede estadual são beneficiados pelo Programa Prato Extra, que garante uma refeição completa no almoço, somada ao café da manhã e ao lanche escolar. Para alunos de regiões remotas, como os da Escola Floresta, o programa é essencial para que tenham energia para acompanhar as aulas e participar das atividades.
Em 2025, o Pré-Enem Legal já alcançou mais de 30 mil participantes. O programa oferece aulões itinerantes nos 22 municípios, conteúdos online como lives, podcasts, videoaulas, simulados, correção de redações e o Guia do Estudante com provas comentadas. Resultados concretos já aparecem: no Enem 2024, o Acre conquistou a segunda melhor média de redação do país, mostrando que a preparação de qualidade chega a todas as localidades do estado.
Só em 2025, o governo do Acre investiu mais de R$ 500 mil na instalação de laboratórios de informática em escolas do interior, equipados com 20 computadores e 20 nobreaks cada. Esses espaços permitem que os alunos explorem novas metodologias, participem de aulas online, façam pesquisas e se preparem melhor para exames como o Enem, aproximando o aprendizado das demandas tecnológicas do mundo atual.
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