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Compartilhar prosperidade, uma tecnologia indígena

Compartilhar prosperidade, uma tecnologia indígena

25/07/2022 21h16Atualizado há 3 anos
Por: Redação068
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A aldeia Apiwtxa do povo Ashaninka em Marechal Thaumaturgo, Acre, tem apresentado aos olhos do mundo a capacidade de regeneração de áreas degradadas por atividades como pecuária e exploração madeireira, transformadas em cerca de duas décadas, num espaço produtivo diversificado que garante a subsistência alimentar da comunidade, ao mesmo tempo em que restaura a floresta nativa.

Peixes, mel e frutas diversificadas são produzidas em sistemas agroflorestais, uma técnica relativamente nova, mas que incorpora saberes tradicionais de produção. Mas talvez a maior tecnologia seja não apenas produzir de modo diversificado, mas a capacidade de compartilhar a produção de modo a atender às necessidades de todos.

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“Não se trata de dar o peixe ou ensinar a pescar, mas de pescar junto”, diz Francisco Piyãko, liderança Ashaninka e candidato a deputado federal. Com a expressão, Francisco torna explícitos alguns dos fundamentos do modo de ser indígena que agrega o trabalho coletivo e a aprendizagem das novas gerações.

Com a garantia de seus territórios e a liberdade de exercerem seus modos de vida, a prosperidade vem se consolidando entre os Ashaninka da Apiwtxa e a preocupação passou a ser incluir as comunidades vizinhas formadas por ribeirinhos, extrativistas e outros povos indígenas. “Eu não posso estar bem se meu vizinho não está. Estar bem significa que quem está perto de mim também está”, explica Francisco.

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Alguns exemplos dessa necessidade de compartilhar os bons resultados com os demais ficam evidentes na iniciativa da Escola da Floresta Yorenka Tatsorentsi, onde a experiência agroflorestal bem-sucedida dos Ashaninka é repassada para moradores de Marechal Thaumaturgo. Mais recentemente, durante a pandemia, a organização Apiwtxa mobilizou recursos próprios e de apoiadores ao redor do mundo para doar kits com alimentos e ferramentas aos moradores do entorno.

Esse olhar voltado ao compartilhamento foi aplicado também por Isaac Piyãko à frente da prefeitura de Marechal Thaumaturgo. O recurso destinado às escolas para merenda escolar vem sendo cada vez mais empregado na compra regionalizada de alimentos, fortalecendo a agricultura e economia local. Com uma visão muito prática e objetiva, Isaac procura estar atento às necessidades locais e buscar soluções realistas para os problemas.

“É preciso estar atento à realidade das pessoas, às vezes podemos encontrar soluções simples e que atendem às suas necessidades”, explica. Agora candidato a deputado estadual, Isaac pretende expandir essas experiências para outros municípios do Acre, sempre respeitando as peculiaridades de cada local.

O técnico agroflorestal Cazuza Borges é um dos que acredita que a experiência Ashaninka possa ser mais bem aproveitada em todo estado, independente das peculiaridades culturais que diferem cada povo indígena e trabalhadores rurais e urbanos.

“O combate à fome é o tipo de pauta que unifica indígenas, trabalhadores rurais e urbanos. Todos estão sentindo a pressão da alta no preço dos alimentos. É preciso trabalhar a segurança alimentar, estimulando a produção regional daquilo que efetivamente vai para a mesa das pessoas: do pobre ou do rico, todos precisam e querem um alimento de qualidade”, explica o técnico agroflorestal Cazuza Borges.