De janeiro a dezembro de 2021, o Acre perdeu 889 km² de floresta, o que equivale a 90 mil campos de futebol. Se comparado com 2020, ano em que o estado registrou perda de 694 km² de cobertura florestal, o aumento foi de 28%. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), com base no monitoramento realizado por imagens de satélite.
O desmatamento no Estado acaba tendo como resultado as queimadas, com isso, dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta que de janeiro até o dia 17 de julho de 2022, já foram identificados, 266 focos de queimadas.
Entre as 50 cidades que concentram 49,4% do desmatamento de todo país, está o município de Feijó, no interior do Acre, com uma área de 12.044 hectares derrubadas. A cidade está em 23º, e apresentou aumento de 38% em relação ao ano anterior. Sena Madureira (8.228 ha) e Tarauacá (6.964 ha) também constam na lista.
A Amazônia viu 3.988 quilômetros quadrados de sua floresta tombar nos seis primeiros meses de 2022. O desmatamento deste primeiro semestre é o maior já registrado para esse período desde 2016, início da série histórica realizada pelos sistemas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Para se ter uma ideia, o que ocorreu no primeiro semestre de 2022 é praticamente o triplo do volume registrado no mesmo intervalo de 2017, quando o desmatamento chegou a 1.332 km² na região. É o quarto ano consecutivo com recordes de desmatamento no período e supera em 10,6% a área devastada nos primeiros seis meses de 2021.
Menos floresta e mais gado
Ativistas têm levantado preocupações sobre a ligação entre a crescente indústria de gado e o desmatamento. Dados da plataforma Mapbiomas, uma rede de ONGs, universidades e empresas tecnológicas mostram que a perda das florestas do Acre nos últimos 10 anos está fortemente relacionada ao aumento anual de terras destinadas ao gado (veja o gráfico abaixo). Em 2020, 84.925 hectares foram desmatados no Acre; neste mesmo ano, as terras destinadas ao gado e à pecuária no estado aumentaram em uma quantidade quase idêntica: 84.735 hectares, segundo os dados do Mapbiomas.
Em 1990, a população do Acre era de 400 mil habitantes, com um número quase idêntico de cabeças de gado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2020 a população humana cresceu para quase 900 mil, enquanto o número de cabeças de gado registrou o recorde de 3,8 milhões.
De acordo com o IBGE, o número de bovinos em 2020 apresentou o maior aumento (8,3%) em relação ao ano anterior dentre todos os nove estados que compõem a Amazônia Legal. O número também é muito maior se comparado ao território nacional: a quantidade de cabeças de gado na Amazônia cresceu 4,2% em média, enquanto que no resto do país o aumento total foi de 1,5%.
A capital do estado, Rio Branco, tem o maior número de cabeças de gado do Acre, com 14% do total. O município de Sena Madureira é o segundo, com cerca de 365 mil. Apresentando 236 km² de perda florestal em agosto de 2021 (15% do total registrado em toda a Amazônia), o Acre entrou pela primeira vez em terceiro lugar no ranking dos estados que mais destruíram a Amazônia no ano passado, de acordo com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Apenas dois municípios, Sena Madureira e Feijó, contabilizaram 40% do desmatamento do estado.
Sensação
Vento
Umidade