Durante a sessão da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) realizada nesta terça-feira (10), o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) fez um duro discurso sobre as condições do ensino rural no estado, ressaltando o abandono sistemático por parte da Secretaria Estadual de Educação.
O parlamentar destacou a recente reportagem do programa Fantástico, que mostrou a situação precária da Escola de Responsabilidade do Estado, no município de Bujari, e criticou tentativas do governo de minimizar o problema como uma exceção. Segundo o oposicionista, o abandono é regra e está presente em diversas localidades do Acre, como Marechal Thaumaturgo, Porto Velho e Cruzeiro do Sul.
“Somos testemunhas neste semestre das falas da deputada Antônia Sales, do deputado Jarude e do próprio vice-presidente do governo, deputado Eduardo Ribeiro, confirmando que o ensino rural sofre com falta de transporte escolar e professores”, afirmou.
Edvaldo também denunciou irregularidades em contratos emergenciais da Secretaria de Educação, como contratos “de carona” para a compra de livros e plataformas para o Enem, que somam cerca de 25 milhões de reais e foram firmados em ritmo acelerado às vésperas das eleições, enquanto faltam recursos para atender os estudantes das áreas rurais.
“Quando há interesse no negócio, resolve-se rápido, não precisa licitação demorada, mas quando se trata dos pobres, daqueles que estão distantes, a resposta é que continuará assim, negligenciada”, criticou.
Por fim, o deputado leu trecho da recomendação da conselheira Dulcinéia Benício, que, representada pelo Ministério Público de Contas, sugeriu o afastamento imediato por 30 dias do secretário de Educação devido a essas irregularidades. “Esse descaso precisa acabar. É um crime condenar os jovens a continuar assim”, enfatizou.
“Aposta-se sempre na impunidade e no esquecimento”
Durante discurso no grande expediente, Edvaldo Magalhães resgatou o episódio veiculado no Fantástico em fevereiro de 2024, que denunciava irregularidades no contrato com a empresa MedTrauma, e criticou a falta de providências efetivas do governo desde então. “Fizeram um escarcéu, suspenderam sessão, prometeram licitação e mudanças. Um ano depois, nada foi feito. Continuam apostando na impunidade, no esquecimento”, afirmou o parlamentar, ao relembrar que as promessas firmadas na época foram abandonadas e que até os materiais superfaturados seguiram sendo pagos.
Edvaldo também saiu em defesa da presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheira Dulcinéia Benício, após ataques sofridos por ela em razão da nova denúncia exibida no último domingo (9), que mostrou alunos assistindo aulas em um curral. “A Dulce é uma mulher correta, cumpridora da lei, respeitada até por gestores deste governo. Mas quando não há argumento pra responder a um vexame, a saída é politizar o problema”, criticou. Segundo ele, o governo não nega os problemas, mas tampouco os enfrenta com seriedade. “A diferença é como se trata o problema. E a resposta do secretário de Educação foi essa: as aulas vão continuar no curral”, concluiu.
Texto: Mircléia Magalhães/Agência Aleac
Foto: Sérgio Vale
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