O Acre possui 100% das 184 escolas estaduais urbanas com acesso à internet, segundo dados da Secretaria de Educação e Cultura (SEE). E, conforme o relatório do governo federa publicado em agosto, referente ao programa Escolas Conectadas, o estado apresentou a maior evolução no número de escolas do ensino básico conectadas da Região Norte.
Das 1.480 instituições de ensino do estado, incluindo as escolas geridas pelos municípios, 471 estão ligadas à internet, o que representa 31,82% do total. Esse percentual coloca o Acre à frente de outros entes da federação como o Amapá, com 14,34%, e o Distrito Federal, com 18,85%. No cenário regional, o estado também supera o Amazonas, que registra 25,41%.
Para o secretário de Estado de Educação e Cultura, Aberson Carvalho, apesar de ainda existir um caminho a ser percorrido até a universalização, os dados revelam que o Acre avança de forma consistente na ampliação do acesso digital em suas escolas.
O progresso é ainda mais significativo quando se considera os desafios impostos pela realidade amazônica — marcada por grandes distâncias, transporte predominantemente fluvial e alto custo tecnológico —, especialmente nas unidades indígenas e do campo, onde a conectividade se torna ainda mais complexa.
“Temos grandes distâncias, rios que ainda são a principal via de transporte em muitas regiões e um alto custo de manutenção da infraestrutura tecnológica. Isso naturalmente torna a implementação de políticas públicas mais complexa e demorada. Mas, apesar desses desafios, estamos avançando. Nossa meta é ousada: até o final de 2026, queremos garantir que 100% das escolas, urbanas e do campo, estejam conectadas”, destaca o gestor.
O secretário ressaltou, ainda, que o apoio do governo federal tem sido fundamental nesse processo, por meio de programas como a Estratégia de Inovação para a Educação Conectada, a parceria com a Vtal, plataforma especializada em infraestrutura digital que atua em todos os países das Américas, e a iniciativa Educação Conectada, que permitem a instalação de pontos de acesso e redes Wi-Fi nas escolas públicas.
Ainda segundo Carvalho, o fortalecimento dessas iniciativas, aliado à destinação de recursos para regiões com maiores dificuldades logísticas, como a Amazônia, será determinante para a universalização do acesso à internet na rede estadual de ensino.
Parte desse avanço é fruto, principalmente, do Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE) e da Estratégia Nacional de Educação Conectada (Enec). Para ampliar ainda mais a inclusão digital, o governo estadual vem investindo em diferentes frentes.
Entre elas está a Política de Inovação Educação Conectada (Piec), pela qual, somente em 2025, 389 escolas estaduais aderiram ao programa, recebendo recursos para contratação de internet, serviços e aquisição de equipamentos tecnológicos.
Outra iniciativa de impacto é a Lei nº 14.172/2021, que garante assistência financeira da União para assegurar o acesso à internet com fins educacionais em escolas, professores e estudantes da rede pública.
O chefe do Departamento de Tecnologia da Informação (DTI), José Neto, explica que a geografia do Acre traz desafios extras para a expansão da conectividade, mas que os programas federais e estaduais têm garantido avanços concretos.
“O acesso mais abrangente à internet só começou após 2016, com a chegada de novas operadoras ao estado. Hoje nós temos vários programas do governo federal e também iniciativas próprias do Acre para garantir a instalação de conexão. Um exemplo é a escola Santo Antônio II, onde conseguimos levar internet de qualidade com recursos do Piec. Antes, o gestor precisava fazer o Censo Escolar em casa, sem acesso ao sistema. Agora, a escola toda tem rede disponível”, analisa Neto.
Recentemente conectada, a Escola Rural Santo Antônio II, localizada na BR-364, km 7, Ramal Belo Jardim, km 6, já colhe os frutos do acesso à internet. O gestor da unidade, Raimundo Farias, lembrou as dificuldades enfrentadas até conseguir viabilizar o serviço:
“O trabalho foi árduo. Agora, com o apoio do Departamento de TI da Secretaria, conseguimos aprovar o plano e trazer uma internet de qualidade. A expectativa é que o ensino cresça cada vez mais, porque a internet, usada com sabedoria, é uma grande ferramenta para a educação”.
A conexão foi viabilizada dentro da Enec, iniciativa do governo federal que busca universalizar o acesso à internet e promover o uso pedagógico da tecnologia. O programa vai além da infraestrutura: aposta na inserção da Educação Digital e Midiática nos currículos, na formação de professores e gestores e no estímulo a uma aprendizagem integral, crítica e segura no ambiente digital.
O chefe do DTI, José Neto, explicou como se deu o processo: “Nós entramos como articuladores, orientando o uso do recurso. A escola adquiriu aparelhos de distribuição de internet, e a equipe fez toda a instalação e configuração. É um esforço conjunto entre o governo e as próprias unidades escolares”, destacou.
A melhoria é sentida no dia a dia. A estudante Iara Vieira, 13 anos, do 8º ano, conta que a internet trouxe novas possibilidades para os trabalhos escolares: “Antes era muito difícil. Agora conseguimos fazer atividades usando a conexão. Um trabalho de espanhol e inglês que fiz recentemente, preparei com a ajuda da internet e tirei nota 10.”
A colega Lorrana Albuquerque, 15 anos, do 9º ano, também reforça os benefícios. “Na conferência sobre contaminação da água, a internet ajudou a aprofundar o tema. Pesquisamos conteúdos que ampliaram a nossa apresentação e enriqueceram muito o trabalho”, disse.
Para os professores, o impacto é igualmente positivo. A professora de língua portuguesa Silvia Monteiro ressalta que a conectividade tornou o ensino mais dinâmico: “Quando cheguei aqui ainda usávamos o quadro de giz. Era tudo mais demorado e difícil. Hoje, com a internet, os alunos têm acesso a materiais, pesquisas e ferramentas que tornam a aprendizagem mais interativa. É um recurso poderoso, que amplia o conhecimento e auxilia até mesmo na vida cotidiana.”
Desde 2023, mais de 45 mil tablets com chip de internet foram entregues aos alunos da rede estadual, custeados pela SEE. Ao concluir a 3ª série do Ensino Médio, o estudante fica com o equipamento em definitivo.
Nesse mesmo período, foram instalados 80 laboratórios de informática, cada um equipado com 20 computadores, totalizando 1.600 terminais para o ensino tecnológico. Desde 2018, cerca de 6 mil computadores foram adquiridos para atender unidades de ensino e administrativas, além de mais 4 mil equipamentos destinados à administração escolar.
O estado também avança na universalização da conectividade, por meio de iniciativas que combinam tecnologia via satélite e infraestrutura terrestre. Neste momento, estão em fase de contratação licitatória links de satélite para escolas indígenas e rurais de difícil acesso, com previsão de início até dezembro de 2025.
Paralelamente, também estão em curso licitações para a instalação de links terrestres via fibra óptica para atender unidades escolares urbanas, polos UAB e todas as unidades administrativas da rede.
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