Uma jornada de conhecimento e empatia voltada à promoção da inclusão e do respeito à neurodiversidade chegou ao Vale do Juruá com a Caravana do TEA. O governo do Estado do Acre, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (Fapac), realizou nesta sexta-feira, 7, em Cruzeiro do Sul, a Caravana do Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma ação inédita que integra o Programa Mentes Azuis.
A iniciativa visa promover formação continuada, sensibilização e disseminação de informações qualificadas sobre o autismo, fortalecendo políticas de inclusão em diferentes municípios acreanos.

As mães atípicas do interior do estado enfrentam desafios diários, como longos deslocamentos e acesso limitado a recursos educacionais e terapêuticos. A realidade, marcada por esforço e resistência, reforça a importância de políticas públicas efetivas que cheguem a todos os municípios.

Para a mãe atípica Maria Nazaré da Silva é fundamental que as mulheres que vivem a realidade do Transtorno do Espectro Autista possam participar ativamente das discussões e compartilhar suas vivências.
“Considero este evento extremamente relevante e produtivo. O aprendizado que obtive aqui foi muito valioso. Agradeço à equipe organizadora. Aprendi muito com as demais mães presentes. Reconhecemos que a maternidade atípica apresenta desafios significativos, sendo uma jornada de constante luta. No entanto, a troca de experiências e o apoio mútuo têm sido fundamentais em nosso dia a dia. Isso tem nos fortalecido, tanto como mães quanto como indivíduos”, frisou.
A mãe também compartilhou as dificuldades que enfrenta no cotidiano com o filho. “Atualmente, minha maior preocupação é com o comportamento do meu filho mais novo, de cinco anos. Tenho percebido que ele apresenta dificuldades para compreender algumas informações e, às vezes, reage arremessando objetos. Acredito que ele esteja passando por um momento de introspecção, porque tem se mostrado mais reservado e com pouca interação verbal. Ele possui nível de suporte 2, e estou buscando estratégias para lidar com essa fase da melhor forma possível”, contou Maria Nazaré.

Mais do que levar conhecimento técnico, a iniciativa ensina famílias e cuidadores a lidar com situações do dia a dia, oferecendo orientações sobre comportamento e convivência com pessoas autistas. Paralelamente, estimula o empreendedorismo e a autonomia, promovendo a geração de renda e o fortalecimento de negócios sustentáveis e colaborativos.

Segundo o presidente da Fapac e idealizador do Programa Mentes Azuis, Moisés Diniz, o autismo tem sido amplamente debatido em seminários e workshops no Brasil, que discutem suas possíveis causas, ambientais, genéticas ou ligadas à alimentação, ainda em análise pela comunidade científica.
“A Fapac é a única instituição pública do Brasil, aqui no Acre, que criou um programa como o Mentes Azuis, estruturado em um tripé. O primeiro pilar é a pesquisa, e o diferencial é que, pela primeira vez, mães atípicas pesquisam a vida de outras mães atípicas, o que garante um olhar verdadeiro e sensível sobre essa realidade. O segundo pilar é o empreendedorismo. As mães selecionadas recebem um kit ou um apoio financeiro para iniciar um pequeno negócio em casa, porque cerca de 80% dessas mulheres deixaram os estudos e o trabalho para cuidar dos filhos. Queremos que elas possam gerar renda por meio da costura, da beleza, da alimentação, e assim tenham mais autonomia e segurança para sustentar suas famílias. O terceiro é a Caravana Interativa, uma experiência inédita no Brasil. Especialistas trabalham o manejo comportamental em situações desafiadoras, ajudando mães e mediadores escolares a lidar com crianças que apresentam crises, dificuldades de socialização ou percepção de espaço”, destacou Moisés Diniz.

Integrante da equipe itinerante da Caravana do TEA e coordenadora do Programa Mentes Azuis, Zenilda Leão falou sobre o intuito do programa e de todo trabalho desenvolvido.
“A Caravana do TEA tem como principal objetivo capacitar profissionais da educação, saúde e assistência social, além de famílias atípicas, sobre o manejo comportamental, que ainda é o maior desafio para quem convive com o autismo. Nosso propósito é ensinar como lidar com crises e situações desafiadoras, oferecendo estratégias práticas e humanas para o dia a dia”, explicou Zenilda.

Ela destacou que a ação percorre os 22 municípios do Acre, levando conhecimento e empatia. “Mais do que entender o que é o autismo, é preciso aprender como acolher, olhar com sensibilidade, respeito e amor para cada criança, jovem ou adulto dentro do espectro”, completou.
Mais do que levar informação, a Caravana do TEA tem levado esperança e pertencimento às famílias acreanas. Em cada parada, o projeto reafirma que inclusão se constrói com empatia, escuta e compromisso coletivo, abrindo caminhos para um Acre mais sensível e acolhedor.
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